Antes de eu conhecer você, até que eu vivia bem sozinho.
Comia o que eu queria, na hora que eu bem entendia.
Era liberdade, independência e auto-suficiência.
Quando vi você fiquei feliz e vermelho de paixão!!
Nem me percebi que eu já não era mais o branco.
Foi então que o seu vermelho ameaçou me sufocar.
Comecei a me irritar e brigar com você.
No fundo era porque você era vermelha,
e não branca como eu queria.
Por vezes, percebi-me querendo mudar a sua cor.
Você soube permanecer vermelha, não se tornou branca.
Branca nada acrescenta ao branco; seria tudo tão monótono.
E assim, entre nós, foi-se formando a rosa.
Mas tive receios de perder minha personalidade.
Temi perder minha individualidade.
Descobri que deixar de ser branco para se transformar em rosa
não é perder-se, desestruturar-se e desaparecer...
É crescer, complementar-se com o seu vermelho.
O meu temor à rosa deu lugar ao prazer da convivência, do relacionamento,
do amar e ser amado.
Nada pode e deve ser só branco,
mas tudo pode ser mais gostoso e rico com a vermelha.
Com ela vive-se o prazer, a cor, o amor.
Ser rosa é carregar dentro de si a cor vermelha.
É ter a sua presença, pela saudade, na solidão,
É destacá-la no meio da multidão.
Pode ser muito bom um lanche em mesas com toalhas brancas,
mas nada supera um singelo jantar rosa.